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Intercâmbio depois dos 30

  • Foto do escritor: Renata Nascimento
    Renata Nascimento
  • 1 de fev. de 2019
  • 5 min de leitura

Desde que eu tomei a decisão de sair do Brasil, em 2017, eu fui questionada de varias maneiras com relação a minha idade. Questionada pela família, pelos amigos, colegas de trabalho e até pelo meu subconsciente que, muitas vezes, teimava em ouvir o que a sociedade determinava como correto. Se você que está lendo esse texto também acha que sua vida precisa de um pouco mais de aventura, novas experiências e uma chacoalhada de emoções, por que não tentar viver tudo isso em um intercâmbio? Mas Renata, intercâmbio de novo, e depois dos 30? Sim, mas primeiro vamos recapitular um pouquinho de como cheguei até aqui...


Foi em 2008 quando comecei a sonhar em morar fora do Brasil. Convenci meus pais a irem comigo à uma agência de intercâmbio para que eles conhecessem todo o processo do intercâmbio de Au Pair e se sentissem parte dos meus sonhos também. E desde o início, eles sempre me apoiaram. Hoje eu entendo que Deus sabe o tempo certo para tudo, mas naquela época eu teimava em dizer que eu não tinha sorte. Tentei ser Au Pair por três vezes.

Tentativa 1:

Decidi parar a faculdade de Artes Cênicas e sair do estágio, achando que a minha vida estaria resolvida após o fechamento do contrato com a agência. Me enganei. Erro de principiante. Fiquei online durante 1 ano e não consegui o “match” com nenhuma família americana. Desisti. Levei um puxão de orelha dos meus pais e voltei a realidade.


Tentativa 2:

De volta a faculdade e ao estágio, fazendo curso técnico em Turismo, aulas de inglês, refiz todo o processo do Au Pair novamente, e nesse meio tempo prestei vestibular para Educação Física, pois não estava satisfeita com o meu curso anterior. Sabe o que aconteceu? Passei no vestibular, o que me fez desistir do Au Pair mais uma vez.


Tentativa 3:

Com dois anos cursados na faculdade, reativei o meu perfil de Au Pair e tchanran: em menos de uma semana consegui o “match” com a família Artz. Embarquei para os Eua em Março de 2012, deixando para trás muitas saudades, mas carregando uma bagagem cheia de expectativas, alguns medos e muitos sonhos. Foram os dois anos mais incríveis da minha vida. Aprendi de verdade um novo idioma, viajei por 14 estados dentro dos Eua, vivi uma cultura diferente da minha, aprendi a dirigir um carro automático, fiz meu primeiro boneco de neve, vi as folhas coloridas caírem no Outono, fui esquiar... Se eu fosse listar tudo o que de fato aconteceu, teríamos que mudar o título desse post. (Rsrsrs)



Primeira semana de treinamento em Nova Iorque

Calçada da Fama - Los Angeles



Em Janeiro de 2014, meu programa de Au Pair acabou, e foi ali que vi meu sonho ser interrompido quando tive que voltar para o Brasil. Deste ano em diante, coloquei na minha cabeça que seguiria minha vida normalmente. Consegui um emprego como professora de inglês e como Agente de Passageiros numa companhia aérea internacional. Mas ainda assim me encontrava perdida em pensamentos, sentindo-me como a peça de um quebra-cabeça tentando se encaixar.




Professora de Ingles


Companhia aérea


No início de 2016, a empresa na qual eu trabalhava fechou e, consequentemente, fui demitida. Até então parecia muita loucura (ou destino), mas dois meses antes da minha demissão, eu tinha conseguido o meu visto de turista americano que havia sido negado duas vezes após o meu retorno do Au Pair. Minha família americana já havia me convidado para uma visita, pois as crianças sentiam muitas saudades, mas eu nunca encontrava tempo devido ao meu trabalho ou por ter pouco dinheiro, enfim. Dentro de mim sempre ecoava uma voz dizendo “Renata, você precisa voltar”. Dessa vez obedeci.




Reencontro com minhas host kids


Em Agosto de 2016, fui atrás dos meus sonhos mais uma vez. Desembarquei em Michigan para passar um mês de férias com minha host Family, bem como eu havia planejado. No último final de semana, fui visitar minhas amigas que fiz na época do Au Pair, na Pensilvânia, e conversando com elas, decidi aproveitar a oportunidade ficando nos Eua, onde tive que aplicar para a mudança de status de turista para estudante. Disse tchau as minhas host kids, e informei a minha família no Brasil que eu não voltaria. Mas como você se manteve no país? Não gente, não sou rica. (Rsrsrs) Tive que recomeçar. No início fiquei na casa de uma amiga, depois consegui um trabalho de babá full time, dividi um apartamento com uma americana e tinha um salário que pagava as minhas contas e que guardava boa parte para iniciar a tão sonhada faculdade americana. Uma vida confortável. Desde o dia que apliquei para a mudança de status, já tinham se passado sete meses de espera, de agonia, de abalos emocional, de ansiedade e algumas frustrações. Sentia-me “presa” a uma certeza incerta, tentando tapar o sol com a peneira, sabe? Meu tempo estava se esgotando e eu não queria permanecer nos Eua da forma ilegal. Foi quando decidi voltar para o Brasil e acho que essa foi uma das decisões mais importantes que tomei nesses meus 32 anos.







Para quem apenas ler esse resumo, não imagina o quão difícil foi ter que deixar tudo para trás. Aquele ano tinha sido um ano de reconstrução, mudanças de prioridades, mais planejamento, crescimento pessoal, mas chegou um momento no qual eu me sentia como um peixe fora d’agua, tendo travado tantas batalhas internas sem atingir o objetivo final. Eu chorei. Chorei muito. E agradeço aos anjinhos amigos por todo o apoio que tive entre Agosto, 2016 e Agosto, 2017. Mas acho que consegui virar o jogo naqueles últimos minutos do segundo tempo, sabe? E é aqui que falamos do tal dos 30 anos. Voltei para o Brasil, sim, mas já estava decidida a fazer um novo intercâmbio, dessa vez na Europa. Desci no aeroporto de Recife e fui direto para uma agência assinar o contrato de 8 meses de estudo e trabalho em Dublin, na Irlanda. E qual o sentimento em fazer intercâmbio depois dos 30? Indescritível, mas vou tentar colocar em palavras para vocês. Aquela Renata que pegou um voo internacional pela primeira vez em 2012 é totalmente diferente da Renata que embarcou em 2017. Vejo uma mulher mais madura, mais criteriosa e com outras prioridades. Não existe mais a inocência em ver um mundo novo, mas a curiosidade em compreender o diferente.







Quanto aos questionamentos que me fizeram quando decidi vir para Dublin, continuam me fazendo dia após dia, mas eu não me arrependo de ter seguido o que eu queria fazer. Felizmente eu não deixei que a sociedade me dissesse que aos 30 anos eu deveria ter um emprego fixo, uma casa própria, um carro, casamento e filhos, porque não se encaixava no meu estilo de vida. Sim, fui bastante julgada por isso, de várias maneiras, de baixo para cima, de um lado para o outro, mas continuei firme no meu foco de construir o meu futuro através da minha independência, seja ela financeira, pessoal, no Brasil ou na Irlanda. A idade não te impede de viajar. O que te limita é a incapacidade de acreditar em você mesmo. O Brasil vai continuar te esperando de braços abertos, e te garanto que estará tudo do mesmo jeitinho que você deixou, mas com uma única mudança: VOCÊ! Segundo Mário Quintana: "Viajar é trocar a roupa da alma". Troque de roupa.


Cheers from Ireland.

1 Kommentar


Amanda Cherkauskas
Amanda Cherkauskas
01. Feb. 2019

Como eu faço para curtir varias vezes??? Amei seu texto e principalmente saber que faço parte dessa sua jornada! Love you my friend ❤️😘

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