top of page

Saudade no Intercâmbio

  • Foto do escritor: Renata Nascimento
    Renata Nascimento
  • 7 de jun. de 2019
  • 2 min de leitura

Um sentimento que começa a criar forma quando você não consegue colocar na mala o que de fato tem importância e que só é percebido com o tal do tempo. Nesse momento você fala para si mesmo: vai ficar tudo bem, a Internet vai ajudar a minimizar a distância e pelo menos tenho espaço para levar algumas fotos. Chega o dia do embarque e você vê que os planos e os sonhos estão se tornando reais, trazendo o abraço de despedida como o primeiro sinal da saudade, que o novo e desconhecido mundo te faz guardar na caixinha de memórias.



O início do intercâmbio não é fácil. É começar uma vida adulta com passos de criança, é criar novos laços, aprender com os erros, treinar o cérebro para expressar uma nova língua, encarar os medos, enfrentar obstáculos, crescer, crescer, crescer, e sentir muitas saudades. Há momentos em que você se sente perdido no ninho, esperando a mãe passarinho cuidadora voltar para te dar aquele abraço apertado e o pai passarinho herói te oferecer um colo de conforto. Você se vê sem os amigos de infância, da escola, da faculdade, do seu último trabalho ou até do seu último intercâmbio. Sente falta do abraço quentinho do seu sobrinho, do afilhado, primos, tios, cachorro. Sente falta dos cheiros, da casa de vó, da comida, do seu cantinho, do sol, das roupas, e até dos perrengues da vida, como dirigir no trânsito ou esperar na fila do supermercado. A caixinha de memórias é reativada te trazendo sensações e lembranças que afirmam o quão importante foi a construção desse "eu" carregado de um "nós" tão fortalecido. Sabe por que você sente saudade? Porque existe amor.





Quando me perguntam como faço para lidar com a saudade eu simplesmente respondo: eu choro. Eu me entrego àquele momento frágil e me permito sentir todo o amor que recebi com sorrisos, abraços, puxões de orelha, dores, castigos, conselhos, carinho e respeito. Saudade nada mais é que reviver sua própria história. Sem a distância, ela não existiria.

Se pararmos para pensar, todas essas 'faltas' que mencionei podem ser supridas pelos novos "nós" criados nessa nova vida, sejam uns mais rasos ou mais intensos que outros, mas que, lá na frente, serão também transformados em outras saudades.




Não esqueça que o intercâmbio foi uma escolha sua, foram seus planos e sonhos que embarcaram com você. Transforme a saudade em autoconhecimento, permita-se viver um “novo amor” para que no futuro você possa dizer: quanta saudade!


Perguntei no meu Instagram "o que é saudade" e obtive essas respostas:


"Da minha casa". Thalita Peplinski, intercambista em Dublin.


"Minha baby girl". Natalia Guidetti, Au Pair nos Eua.


"Picanha". Letícia Bronzoni, com visto de trabalho na Noruega.


"O sentimento que fica quando alguém vai, mas você quer que volte". Amanda Rufino, Recife.


"É falar com meu sobrinho de 5 anos e ele pedir para morar comigo, dizendo que sente minha falta e dizer: te amo, tia". Nathaly Cerozi, intercambista em Dublin.


"A falta que sinto da minha amiga Renata, das nossas conversas e passeios". Isabel Tenório, Recife.


SAUDADE É O AMOR QUE FICA.


Cheers.

Commenti


© 2023 by Going Places. Proudly created with Wix.com

bottom of page